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Goleiro de Aluguel - O Início e os aprendizados

Goleiro de Aluguel - O Início e os aprendizados
Samuel Toaldo
dez. 3 - 12 min de leitura
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Sempre recebo dúvidas frequentes de estudantes: Como criar uma startup?

Minha trajetória  no empreendedorismo é recente, por isso prefiro voltar ao passado recente, analisando 6 experiências com aprendizados. Creio que não existe receita mágica como é prometido por alguns coachings em seus cursos, caminhos para serem seguidos são vários e não posso afirmar qual é o correto ou mais fácil, mas é possível sim reduzir as chances de erro.

 

O Goleiro de Aluguel surgiu numa mistura de sorte, crise financeira pessoal, experiência adquirida durante anos de trabalhos e estudos, atenção ao meu redor e dedicação.

 

Meu primeiro contato com o futebol foi na Copa do Mundo de 1990, encantando com os jogadores, uniformes e estádios, insisti para meus pais para entrar em uma escolinha, quem nunca sonhou em ser um jogador de futebol?

 

No primeiro treino, meu pai ficou assistindo da arquibancada, ao final ele percebeu que eu era perna de pau, não levava jeito pra jogar na linha, a bola era muito redonda pra mim. Pegou na minha mão, foi andando a passos longos em direção do treinador, sincero disse:

 

  • "Meu filho não tem condições de jogar na linha, mas não quero que ele fique em casa sem fazer nada, então para não atrapalhar seu time, coloca ele lá atrás, no gol, assim o garoto não vai incomodar ninguém e poderá participar do grupo."

 

1º Aprendizado: Quer entrar para um time? Reconheça suas limitações, molde-se as necessidades e faça sua função com dedicação.

 

Assim começou minha trajetória debaixo das traves, desde então sempre fui o goleiro, fiz categoria de base e minha família sempre considerou aquilo como recreação, nunca exigiu que eu me tornasse um atleta profissional. Quando terminei o 2º grau, parei de treinar para cursar Técnico em Informática, minha mãe alertava para o futuro dizendo que quem sabia "mexer" com computador, nunca ficaria sem trabalho e ela tinha razão, trabalho tem de sobra, mas remunerações boas aí é outra história.

 

Curso concluído, agora era hora de entrar na faculdade, meu objetivo era ser um cientista, por isso ingressei no curso de Física na Universidade Federal do Paraná, depois de 4 anos descobri que não era nada daquilo que imaginava, tornei-me um estudante frustrado.

 

Com 16 anos tirei minha Carteira de Trabalho, na minha vida profissional fiz vários bicos, mas os principais foram:

 

  • Frigorífico dos meus primos, vivendo diariamente com pedaços de porcos para todos os lados;

  • Tentei ser cobrador de ônibus, mas não passei em nenhuma entrevista;

  • Vendedor de uma loja de instrumentos musicais;

  • Vendedor de câmeras digitais com uma família de libaneses;

  • Carregador de  caminhões nas Livrarias Curitiba;

  • Estágio de informática ganhando R$100,00/mês e foi lá que aprendi a programar;

  • Gerente de TI em uma indústria e por lá fiquei 10 anos.

 

Em 2011, abri meu primeiro CNPJ, prestando serviços de TI e desenvolvendo websites, sem noção de como administrar uma empresa, 1 ano depois acumulava dívidas que beiravam R$100.000,00.

 

Minha vida financeira nunca foi confortável, como grande parte dos brasileiros, minha renda mensal sempre foi comprometida, tudo que eu ganhava, era pra pagar boletos e dívidas. Enfrentar essa falência acabou com minha saúde mental e inevitavelmente levou-me para uma depressão profunda, mas as engrenagens não podiam parar, sou de família pobre e não tinha aquele "PapaiBank" pra me salvar.

 

Quebrado, entreguei minha casa, minha moto, troquei meu carro para um "Uninho de firma", engoli o orgulho e voltei a morar na casa da minha mãe em Campo Magro, cidade rural vizinha de Curitiba. Aceitei que a depressão era uma doença, iniciei o tratamento com uma psicóloga e passei por vários psiquiatras, os remédios para controle de ansiedade, estabilização de humor e para acabar com a insônia. Minha auto-estima estava destruída, não tinha vontade de seguir em frente e nesse período você só quer que a dor acabe. Notei que nesse poço de angústia algo me fazia bem: JOGAR FUTEBOL.

 

2º Aprendizado: Sua vida está ruim? Hora de respirar, se concentrar e buscar algo que faça bem para você, não importa a área. Levantou sua moral, fez você sorrir e esquecer dos problemas: FAÇA!

 

Costumava jogar com meu grupo de amigos e quando acaba a partida, o time que entrava em campo pedia pra eu continuar, é tradição o goleiro nunca pagar os custos do campo e eu até ganhava agrados como cerveja, churrasco, pastel e carona pra casa. Essa rotina fez meu cérebro voltar ao normal, a atividade me deixava exausto e voltei a dormir sem uso de medicamentos, controlei a ansiedade e o esporte foi fundamental para curar minha depressão.

 

Olhando para trás, essa fase foi ponto da virada. Contando vantagens entre amigos, um deles provocou:

 

  • "Samu, você não é nenhum craque jogando futebol, só te chamam pra jogar todos os dias porque você é goleiro e ninguém gosta de ficar tomando bolada!"

 

Genial, realmente ninguém gosta de revezar no gol, sempre tem o amigo que deixa a bola entrar só pra voltar a jogar na linha. Aquela cutucada ficou martelando na minha cabeça por horas.

 

No dia seguinte, criei uma página no Facebook com o nome "Goleiro de Aluguel". Minhas habilidades no Photoshop eram básicas, peguei uma foto, enchi de luzes, fumaça e brilho, achei que estava arrasando e olhando hoje essa imagem me dá um pouco de vergonha, mas é normal você sentir vergonha de atitudes do passado. Enviei o link para esse amigo que me provocou, ele achou graça e encaminhou para um grupo, então um dos membros realmente precisava de um goleiro e resolveu entrar em contato para me contratar. Foi a primeira vez que estava sendo pago para jogar futebol, confesso que o valor de R$ 30,00 foi definido na hora, não existiu estudo de mercado para saber qual seria o custo ideal do produto/serviço.

 

3º Aprendizado: Uma provocação ou questionamento ficou martelando na sua cabeça? A solução pode já fazer parte da sua vida, use os recursos que você tem e de um ponta pé inicial.

 

No primeiro mês realizei 13 partidas, no mês seguinte foram 15 convocações e no terceiro mês não dei conta de todos chamados. Anunciei nas redes sociais um convite para outros goleiros e 30 malucos se candidataram. Um deles me chamou a atenção, chamado Eugen Braun, fui aproximando-me para conhecê-lo melhor até propor uma sociedade, expliquei como seria o processo de validação do modelo de negócio e não queria gastar muito, até porque ainda tinha dívidas da outra empresa. A princípio ele duvidou, achou que era passageiro e logo todos iriam esquecer, mas alguma força tocou o coração do Eugen, que o fez topar no final.

 

Eu mesmo desenvolvi o site em Wordpress, com formulários que alimentavam planilhas e a comunicação entre goleiros e contratantes era por WhatsApp, passava os fluxos para meu sócio e assim ele se tornou o robozinho do MVP. O investimento: compra do domínio e mensalidade da hospedagem.

 

4º Aprendizado: Não sabe programar ou não tem dinheiro? Existem diversas ferramentas gratuitas que auxiliam na validação de um negócio, não é necessário saber programar e tem centenas de vídeos tutoriais como base.

 

Operamos manualmente durante 15 meses, levamos o Goleiro de Aluguel para outras regiões, faturamos R$ 100.000,00 e mais importante que o valor arrecadado, foi conhecer o mercado. Concluímos que em 2015, no período de 30 dias, ocorriam mais de 1 milhão de jogos no Brasil e 60% dessas partidas, tinham dificuldade em conseguir goleiros. Agora sim, sabíamos o tamanho do negócio e era hora de automatizar todas funcionalidades para alugar um goleiro, criando um aplicativo.

 

Buscamos investidores, mesmo apresentando números interessantes, éramos recebidos com gargalhadas e feedbacks negativos. É curioso como nunca cogitamos parar, esse assunto nem era discutido entre nós. Quem disse que vida de goleiro é fácil? Onde eles ficam, nem a grama nasce!

 

5º Aprendizado: Tem um produto ou serviço que vale R$ 10,00 e conseguiu vender para 10 pessoas? Então é possível vender para 100, 1.000, 10.000 ou 100.000 pessoas, basta saber o tamanho deste mercado e desenvolver uma forma de escalar o processo.

 

Com informações valiosas nas mãos, busquei mentoria com startups e empresários experientes, não guardava segredo, contava todas minhas estratégias, sonhos, dores e objetivos. Foi assim que o CTO de um aplicativo de beleza me apresentou para o Leo, desenvolvedor Front-End. No dia seguinte, a peregrinação foi igual e através de um amigo, conheci o Rafael, desenvolvedor Back-End.

 

Os dados coletados através do nosso site estavam reunidos e organizados em um PDF, enviei imediatamente esse documento para os dois programadores, eles conversaram entre eles, definiram um valor e apresentaram uma proposta para desenvolvimento da primeira versão do aplicativo Goleiro de Aluguel.

 

6º Aprendizado: Tem receio de contar suas ideias? As pessoas não conseguem nem executar suas próprias ideias, não sobra tempo e nem dinheiro para "roubar" suas invenções. Conte tudo para as pessoas, é o modo mais rápido e barato que solucionar seus problemas.

 

Passaram-se 20 dias após fechar com o Leo e Rafa, esse dois ninjas entregaram um aplicativo totalmente funcional, lógico que não tinha todas funções, mas era possível alugar um goleiro, fazer o pagamento e avaliá-lo automaticamente, sem precisar de um pessoa por trás fazendo manualmente. Não pensei duas vezes e ofereci equitys para eles se tornarem sócios da startup, eles enxergaram potencial e um futuro promissor e aceitaram o acordo societário.

 

No mesmo período ocorreu o processo seletivo para a 1ª temporada do Shark Tank Brasil, uma das exigência da produção do programa era que no dia da gravação, deveria existir um aplicativo funcional. Nosso sistema ficou disponível para download dia 26 de agosto de 2016, gravamos nossa participação no game show 3 dias após o lançamento.

 

E foi assim que conseguimos nosso primeiro investimento, o aporte foi realizado pelo Sr João Appolinário e Sr Carlos Wizard Martins, nos levando a outro patamar e nossa história continua até os dias de hoje em uma montanha russa.

 

O esporte ajuda a transformar o mundo em um lugar melhor! Muito melhor, aliás! A responsabilidade social está no DNA da nossa startup, ter um olhar para ajudar o próximo vem do desejo de mudar realidades. 

 

O ecossistema criado pelo aplicativo é um grande laboratório para o mercado esportivo amador no país. Os números comprovam que há uma gigantesca demanda por goleiros no Brasil, quiçá no mundo. E são muitos os benefícios ao ter um Goleiro de Aluguel, além de contar com um jogador que gosta de atuar na posição, a partida torna-se mais competitiva e divertida para todos presentes.

 

Nos Estados Unidos 50 milhões de pessoas conquistam sua renda através de aplicativos e no Brasil já são 5 milhões de pessoas. O Goleiro de Aluguel investe no futuro da economia compartilhada e colaborativa proporcionando complemento de renda para milhares de brasileiros.

Acredite você também no poder do futebol! Pequenas atitudes também fazem a diferença!!!


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